INTENÇÕES DE ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO PARA O MÊS DE MAIO
12 de maio de 2017
60º Dia continuação…
12 de maio de 2017

60º Dia

Sexta, 12 de maio.

Nesse dia Ammá Ludmila viveu uma linda experiência de encontro com uma outra Ammá. Vejamos seu relato:

“Caros irmãos, voltei hoje pela manhã ao Mosteiro. Fui logo conduzida por uma irmã à hospedaria e meu coração exultou por reconhecer ali a santidade da vida monástica tão cara a nós. Simplicidade, zelo, capricho, acolhida, silêncio.

 

Olhando os livros da pequena estante, vi um que me chamou a atenção e comecei a ler enquanto esperava por alguma irmã que me apresentasse o Mosteiro:

 

Os ventos foram fortes e trouxeram à hospedaria uma mulher do Espírito, uma Ammá que em um colóquio muito simples, transbordou palavras santas cheias de sabedoria. Chama-se Madre Maria Juliana, tem 73 anos, é espanhola e fundadora do primeiro Mosteiro da Ordem Servita.

Conversamos por duas horas. Muitas vezes segurei as lágrimas. As circunstâncias que a trouxe a Moçambique foram as seguintes:

A diocese de Nampula pediu que alguma comunidade contemplativa viesse fundar um mosteiro em Moçambique para rezar pela paz e pela independência. Vieram então 6 religiosas em dezembro de 1973. Hospedaram-se em uma missão e começaram a viver ali. Em abril de 1974 a independência era proclamada e um tempo novo iniciava no país. Depois de alguns anos, ganharam do governo, segundo ela por milagre de Deus, um grande terreno no qual vivem até hoje. Construíram no início 6 quartos. Um era a capela. Cozinhavam sob as árvores. Com o êxodo de muitos missionários, inclusive do bispo Dom Manoel Vieira, os cristãos estavam literalmente como ovelhas sem pastor e iam às irmãs para pedir instruções. Assim elas organizaram cerca de cinco comunidades sem sair do ‘mosteiro’. Muitos eram os pobres que vinham a elas pedindo ajuda.
Bebês famintos de mães desnutridas, bebês órfãos chegavam sem parar. A muitos salvaram com leite condensado diluído já que não havia leite em pó. Depois resolveram criar vacas para ter leite para as crianças. Devido a esta necessidade, acabaram por acolher as crianças com a ajuda de uma senhora que se decidiu se doar para morar com elas.

Ammá Júlia vive com as crianças há 20 anos e é prova da Providência na vida das irmãs e das crianças.

Hoje são mais de 60 crianças, adolescentes e jovens que vivem em duas casinhas que ficam a certa distância do Mosteiro.
A Madre diz que não tinham intenção de acolher crianças, mas que também não puderam deixar responder a esta necessidade tão emergente.

As vocações também foram chegando. A fundação de Nampula tem mais de 30 Irmãs e há outras duas fundações em outras dioceses de Moçambique. Madre Maria diz com muita simplicidade: “Foi Deus quem mandou, nunca fizemos propaganda”.

Apesar de estar me estendendo, gostaria de compartilhar algumas palavras da Madre.

  • Perguntei se nunca mais voltou a morar na Espanha e ela me respondeu: “Pra quê, filha, se Deus me quer aqui? Damos frutos onde somos plantados por Deus”

  • Falando sobre a pobreza e os milagres de Deus disse: “Colocamos e que temos e Deus coloca o que falta” Perguntei o que a Igreja de Moçambique precisava neste tempo onde já não há nem colonização nem guerra. Ela me respondeu: “Precisa de sofrimento. Agora que não há perseguição, temos uma Igreja acomodada. Dom Manoel dizia que somos Igreja Católica, Apostólica, Romana, Perseguida. Se não há perseguição, há algo errado”

  • Nos mosteiros da Europa recebemos no locutorio amigos, benfeitores, familiares. Aqui não temos locutório e recebemos os pobres para contemplar neles o Cristo”.

  • ” Na Espanha as pessoas podem escolher o horário que vão à missa no domingo. Aqui as comunidades ficam um ano sem missa. Quando vou lá costumo dizer que todos os padres da Europa deviam ser mandados para cá só por dois anos. Dois anos apenas para matar a fome de Deus do nosso povo. Lá eles não sabem o que é ter fome de Deus”

Rodrigo Serva Maciel
Rodrigo Serva Maciel
Fundador da Comunidade Católica Árvore da Vida

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